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Thursday, 25 de April de 2024
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Gen Mattioli chefe da Assessoria para os Setores Estratégicos do Ministério da Defesa

Exército
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Pantsir-S1(1)

O Brasil como já se sabe está negociando com a Russia a compra de sistemas de defesa antiaérea Pantsir-S1 e Igla. Em uma entrevista exclusiva, o General de Divisão Mattioli, chefe da Assessoria para os Setores Estratégicos do Ministério da Defesa, revelou que as conversações para a finalização da compra estão bastante adiantadas.

As conversas entre Brasil e Rússia sobre aquisição dos sistemas de defesa antiaérea ganharam força com as visitas da Presidente Dilma Rousseff a Moscou em dezembro de 2012, e logo após em janeiro de 2013, de uma delegação brasileira chefiada pelo comandante do Estado-Maior das Forças Armadas General José Carlos de Nardi, esteve em Moscou e conversou com autoridades militares russas e com os fabricantes desses equipamentos.

Nesta entrevista, o General de Divisão Aderico Visconte Pardi Mattioli, faz um histórico das negociações até hoje e diz que o Brasil já encaminhou à Russia as indagações sobre o sistema operacional dos equipamentos. Para o General Mattioli, ainda não se pode estabelecer um prazo para o fim das discussões, mas, em tese, ele está bem próximo. Leia a Entrevista com o General de Divisão Mattioli.

Gen Mattioli

General, há alguns anos o Brasil negocia com a Russia a aquisição de sistemas de defesa antiaérea, tendo demonstrado preferência pelos Sistemas Pantsir S1 e Igla. O Governo e as autoridades militares já definiram a sua preferência?

Gen.-Div Mattioli: Inicialmente, gostaria de agradecer a oportunidade de divulgar parte dos trabalhos que envolvem a parceria estratégica entre Brasil e Rússia, particularmente na área de Defesa Antiaérea. Antes de responder a essa pergunta gostaria,ainda, de apresentar uma pequena ambientação para melhor contextualizar o entendimento dessa questão.

Em novembro de 2011 foi criado, no Ministério da Defesa, um Grupo de Trabalho para estudar as necessidades da Defesa Antiaérea brasileira e apontar soluções. Atentando para os ditames da Estratégia Nacional de Defesa, publicada em 2008, o Grupo considerou uma demanda básica, escalonada em médio prazo, de Sete Baterias Antiaéreas de Média Altura e de 14 Baterias Antiaéreas de Baixa Altura.

De acordo com a Estratégia Nacional de Defesa, além do atendimento das demandas estratégicas e operacionais, o Brasil deve carrear esforços no sentido de reestruturar sua Base Industrial de Defesa, estimulando as capacitações produtivas e inovadoras nacionais. Assim, o processo de obtenção dos meios necessários à Defesa Antiaérea deve contemplar o maior grau de conteúdo local possível, bem como a garantia irrestrita de transferência de tecnologia.

Nesse ambiente, em paralelo, intensificaram-se as relações governamentais com a Federação Russa. Em dezembro de 2012 a Exma. Sra. Presidente, em visita à Rússia, assinou uma série de Acordos Bilaterais. No tocante à Cooperação Técnico-Militar, ficou estabelecido que as partes desenvolverão cooperação de longo prazo, fundamentada no princípio da transferência tecnológica, no estabelecimento de parcerias industriais e em programas de formação e aprendizagem.

Ato contínuo, a Sra. Presidente determinou ao Ministério da Defesa que enviasse uma comitiva de alto nível àquele país, acompanhada de representantes das Empresas Estratégicas de Defesa capacitadas e vocacionadas a internalizar as transferências tecnológicas e produtivas necessárias. A comitiva em pauta, tendo como finalidade conhecer os Sistemas de Defesa Antiaérea russos, para lá se deslocou em janeiro de 2013. Naquela ocasião, concluiu pelo interesse no Sistema Pantsir S1 e pelos Mísseis Igla (estes, então, já adotados pelo Exército Brasileiro e pela Força Aérea Brasileira).

Em fevereiro de 2013, em Brasília, foi assinada a Declaração de Intenções entre o Ministério da Defesa da República Federativa do Brasil e o Serviço de Cooperação Técnico-Militar da Federação Russa, relativa à cooperação em Defesa Antiaérea, ressaltando o compromisso de transferência tecnológica “sem restrições”. Em junho de 2013, “considerando a necessidade de um sistema de defesa antiaérea nacional capaz de proporcionar ao país maior capacidade de dissuasão”, foi constituído um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) com as seguintes finalidades:

— fundamentar o processo de aquisição de um sistema de defesa antiaéreo de média e baixa altura, de origem russa, para atender às necessidades estratégicas do Estado brasileiro; e

— propor medidas de fomento para ampliar a capacidade da indústria nacional e garantir a sua autonomia no fornecimento de produtos às Forças Armadas, em relação ao Sistema de Defesa Antiaérea.

O Relatório desse Grupo de Trabalho Interministerial passou a ser a principal referência para o embasamento das subsequentes ações a serem empreendidas, com vistas, sobretudo, ao êxito do processo de obtenção e integração do Sistema de Armas de Origem Russa – Pantsir S1 e do Sistema de Controle e Alerta existente e em desenvolvimento no Brasil.

Agora, sim, respondendo à questão formulada, o que está em curso é uma parceria estratégica que, em última análise, não se restringe a uma simples “compra de prateleira”. Ao contrário, visa a intercambiar capacitações e oportunidades para ambos os países.

O que ganha o Brasil adquirindo tais equipamentos?

Gen.-Div Mattioli: A Rússia possui tradição e se caracteriza como uma referência em termos de Produtos e de Sistemas de Defesa. O Brasil já possui uma consolidada Base Industrial de Defesa, todavia bastante “ocidentalizada” e bastante diferente da “Escola Russa”. Assim, além da dissuasão decorrente da capacitação operacional das Forças, visualiza-se que ambas as partes, em termos de parcerias tecnológicas e produtivas, tenham muito a intercambiar.

Quais as vantagens que estes equipamentos militares apresentam sobre os seus concorrentes internacionais? 

Gen.-DivMattioli: Cada sistema tem suas peculiaridades, suas vantagens e suas desvantagens. De acordo com os estudos vigentes, o Sistema Pantsir S1 atende aos Requisitos Operacionais Conjuntos. O diferencial, neste caso, está na busca da autossuficiência produtiva da nossa Base Industrial de Defesa, pelo que se conta, entre outras, com a parceria estratégica Brasil-Rússia.

Se o Brasil concluir ainda neste ano de 2015 o processo de aquisição do sistema de defesa antiaérea, haverá tempo hábil para que os equipamentos sejam entregues ao esquema de segurança das Olimpíadas e Paraolimpíadas do Rio de Janeiro em 2016?

Gen.Mattioli: Embora fosse considerada como desejável a entrega do material nesse prazo, não é fator determinante. Para o evento em pauta, o Brasil possui capacitações e meios necessários e suficientes.No momento, estão sendo elaborados os Requisitos Técnicos, Logísticos e Industriais de Integração (do Sistema de Armas Pantsir S1) ao Sistema de Controle e Alerta existente no Brasil. Este trabalho está sendo conduzido pelo Exército Brasileiro e estima-se que esteja concluído ainda no corrente ano. Seu teor subsidiará, complementarmente, o Pedido de Ofertas, já encaminhado à empresa Rosoboronexport.

O senhor acompanhou na Russia as demonstrações dos sistemas Pantsir S1 e Igla? E a que conclusão chegou sobre a sua eficácia?

Gen.Mattioli: Não. Mas de acordo com os relatos e tos rabalhos existentes, os produtos atendem aos Requisitos Operacionais Conjuntos, portanto, são eficazes.

Para concluir General Mattioli,  de qual ou quais sistemas de defesa antiaérea o Brasil dispõe hoje?

Gen.Mattioli: Eis aí uma das razões que levam a Defesa a conduzir esse processo de obtenção de forma meticulosa. O Brasil ainda não dispõe de um Sistema de Defesa Antiaérea de Média Altura, lacuna esta que se pretende suprimir em curto prazo, mediante a capacitação da nossa Base Industrial de Defesa para prover os equipamentos necessários.

FONTE: Sputniknews

Fonte | Fotos: operacional