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Friday, 26 de April de 2024
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Valença: Turismo militar na princesinha da serra fluminense.

Diversos

Antigo território dos índios Coroados, que dominavam toda a zona compreendida entre os rios Paraíba do Sul e Preto, a cidade de Valença é uma preciosidade encravada no meio do Vale do Paraíba Fluminense. A cidade, com pouco mais de 75 mil habitantes, não a toa, é conhecida como “Princesinha da Serra”. Além de um grande potencial para o ecoturismo, tendo como principal ponto a Serra da Concórdia, a cidade tem como maior atrações as lembranças dos tempos áureos do café. Um dos grandes atrativos da cidade são as muitas fazendas do século 19 ainda preservadas: Pau D´Alho, Santo Antônio do Paiol, Vista Alegre, Santa Clara…

Contudo, além destas valiosas construções do rico período do ouro verde, Valença possui uma grande vocação para o turismo militar. Atendemos ao convite do Sr. Sebastião Vieira, presidente da Associação Comercial e Industrial de Valença (ACIVA), e fomos conhecer um pouco deste segmento turístico ainda pouco explorado na cidade e encontramos três importantes atrativos: o museu Capitão Pitaluga, a sede da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil e a Fazenda Santa Mônica.

Museu Capitão Pitaluga

O museu Capitão Pitaluga fica localizado no interior do 1° Esquadrão de Cavalaria Leve, única unidade de Cavalaria do Exército Brasileiro a atuar na Segunda Guerra Mundial, e atualmente comandada pelo Ten Cel Angelo Moreira Carnaval. O museu ocupa o prédio que foi sede da Fazenda Villa Eleonor, de propriedade do Comendador Antônio Januzzi. O espaço como apresentado hoje, foi inaugurado em 2002 e, sem medo de parecer exagerado, é visita obrigatória para todos que pesquisam ou admiram a história da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial.

Confesso que ao tomar conhecimento da existência do museu esperava encontrar um espaço cultural, como tantos outros que existem nas organizações militares e que retratam a história da unidade. Entretanto, ao iniciar minha visitação, já tive a sensação de que ingressava em um espaço muito bem montado, que obedece a modernas normas museológicas e possui um acervo garimpado peça a peça. São fardamentos, medalhas, material aprisionado, documentos históricos e armamentos que contam em detalhes a história do Brasil e, principalmente, do Esquadrão, na Segunda Guerra Mundial.

Como não podia deixar de ser, o museu possui um valioso acervo de itens pessoais do General Plínio Pitaluga. O que mais impressiona no museu é que seu acervo não possui repetições, conta com itens raríssimos e peças que deixam muitos museus “grandes” com uma sutil inveja, ou melhor, morrendo de inveja. Quem tiver a oportunidade de visitar o museu, estará tendo contato com um dos melhores, se não o melhor, acervo sobre a Força Expedicionária encontrado no Brasil. Os amantes das viaturas militares antigas podem ainda visitar um dos poucos Jeep Willys Bombeiro (1947) ainda preservados no país, além dos blindados M-8 Light Armored Car e M3 Half-track, utilizados pelo Esquadrão na campanha da Itália, e em pleno funcionamento após serem restaurados no Arsenal de Guerra de São Paulo.

Este rico acervo não chegou a Valença de pára-quedas. Ele é fruto do valioso trabalho de pesquisa, desenvolvido de forma heroica pelo Tenente Gerson Ribeiro Romano, historiador e militar do Exército Brasileiro. Foi ele quem captou e catalogou, por todo o país, a maioria das peças em exposição. Muitas das preciosidades hoje encontradas no museu foram “resgatadas” pelo Ten. Romano de depósitos esquecido e com risco de serem perdidas para sempre.

O museu Capitão Pitaluga está localizado na Rua Comendador Antonio Jannuzzi, 415, Bairro Belo Horizonte, Valença, Rio de Janeiro. O horário de funcionamento é de segunda a quinta das 08:00h às 11:30h e das 13:30h às 16:30h. As sextas das 08:00h às 11:00h. Não há visitação aos sábados, domingos e feriados. A entrada é gratuita. Para maiores informações, o telefone é (24) 2453-7361.

Associação dos Ex-Combatentes do Brasil – Seção Valença

Ainda no centro de Valença, fui atrás do meu segundo ponto de interesse: tomar um agradável café fluminense com alguns dos heróis brasileiros pertencentes a Associação dos Ex-Combatentes do Brasil. A Seção de Valença é uma das mais ativas e sob o comando do Sr Humberto Murat mantém um espaço cultural onde realiza a manutenção e divulgação da memória dos ex-combatentes brasileiros da 2ª Guerra Mundial. No modesto espaço da associação, mantido através de doações e do apoio do 1° Esquadrão de Cavalaria Leve, estão expostos vários itens da FEB e recordações da associação. Os itens expostos são mantidos cuidadosamente pela historiadora Elen Vasconcellos, responsável também pelas varias atividades culturais realizadas no espaço e pela visitação dos alunos das escolas valencianas. Entretanto a maior atração do espaço são os veteranos, poucos ainda estão vivos, mas se der a sorte de encontrar algum por lá, é certeza de um agradável bate-papo..

Para visitar a associação vale a pena agendar antes através do telefone (24) 2453-4247. Chegar a associação é bem fácil e todo mundo na cidade sabe onde fica. Anote o endereço: Rua D. André Arcoverde, nº 314.

Fazenda Santa Mônica

Me afastando do centro de Valença e avançando na direção de Vassouras, especificamente no distrito de Barão de Juparanã, fui em busca do meu terceiro ponto de interesse para os apreciadores do turismo militar: a Fazenda Santa Mônica, que desde 1975, transformou-se em Centro Experimental Santa Mônica, sob responsabilidade da Embrapa.

Grande produtora de riquezas no século XIX, a Santa Mônica conheceu a falência no início do século XX. Quando o Barão de Santa Mônica faleceu, em 1885, a fazenda já se encontrava em decadência e hipotecada. Após seus antigos proprietários perderem a fazenda para credores, a imponente propriedade tornou-se propriedade do Governo Federal em 1921.

Alguns devem estar se perguntando onde esta a relação da Santa Mônica com a história militar brasileira?

A fazenda pertencia e era administrada pelos Barões de Juparanã e Santa Mônica. Francisco Nicolau Carneiro Nogueira da Gama, o Barão de Santa Mônica, era casado com a filha de Duque de Caxias, Luíza Loreto Vianna de Lima e Silva. Foi nesta propriedade, sentado na sacada da fazenda e contemplando os incontáveis pés de café, que o Pacificador passou os últimos anos de sua vida e faleceu em 1880.

A fazenda infelizmente não é aberta à visitação pública e necessita de reparos emergenciais. Hoje, o quarto onde faleceu Duque de Caxias encontra-se sem mobília e é sinalizado apenas por uma pequena placa de identificação. É inadmissível que um sítio histórico de tamanho valor esteja abandonado, sem os devidos investimentos para preservação e fechado a visitação pública. A situação de todo o prédio é muito ruim, durante minha visita morcegos sobrevoavam minha cabeça e era preciso tomar cuidado com o piso nada confiável, o que torna impossível um programa de visitação ao local.

Atualmente, funcionários da Embrapa e historiadores da região lutam incansavelmente para captar recursos e apoio para uma eficiente preservação deste sítio. Desde o início de 2015, o 1º Esquadrão de Cavalaria Leve entrou na “luta” para recuperar a Santa Mônica e manter viva esta parte de nossa história. Na área externa do Esquadrão encontra-se um espaço destinado a Fazenda Santa Mônica, com um painel apresentando o histórico da fazenda, um busto de Duque de Caxias e uma maquete de 1m² onde, os visitantes do museu Capitão Pitaluga e da unidade, podem conhecer um pouco da fazenda.

Como chegar

Chegar a Valença é muito fácil, tanto saindo do Rio de Janeiro quanto de São Paulo. O acesso a Valença se dá pela Rodovia Presidente Dutra (BR-116). Saindo da Dutra é preciso seguir até o município de Piraí e prosseguir em direção a Barra do Piraí, entrando na cidade. Chegando ao Trevo do Belvedere, é preciso atravessar com cautela as duas pistas da BR-393. Ao cruzar a rodovia surgem duas opções: a esquerda você ingressa na RJ-137 e segue até Piabas e Conservatória; a direita você ingressa na RJ-145 onde seguirá até Valença.Operacional na estrada

Hospedagem e alimentação

A cidade possui uma série de hotéis e pousadas para vários bolsos.

Optei por ficar hospedado no Hotel Palmeira Imperial, um dos melhores de Valença. O hotel é muito bem localizado e uma “mão na roda” para quem deseja visitar as três sugestões de turismo militar apresentadas nesta reportagem. Além de um ambiente agradável que nos lembra o tempo todo estarmos no Vale do Café, os quartos são confortáveis e aos finais de semana é servido um fantástico café imperial, extremamente farto, como no tempo dos barões do café. As opções são tantas que é preciso certo cuidado para não exagerar.

O hotel Palmeira Imperial (www.palmeiraimperial.com.br) fica localizado na rua Nossa Senhora Aparecida, 1111. Não tem como errar e quem quiser chegar de helicóptero o hotel fornece as coordenadas. Qualquer dúvida, o telefone é (24) 2453-1995 / (24) 2453-4019.

Para hora do almoço nossa sugestão é o restaurante “Tenda dos Sabores”. Além de ser colado ao Palmeira Imperial, o restaurante é bem amplo, arejado e possuí opções a la carte e self service. Quem nos atendeu por lá foi o proprietário Sr. José, um português muito simpático que nos sugeriu um belo camarão com catupiri. A dica valeu muito a pena e deixo como sugestão para quem estiver por lá, pois vale a pena experimentar. Para quem quiser conhecer o Sr. José e apreciar uma de suas sugestões portuguesas, o endereço do Tenda dos Sabores é Rua Nossa Senhora Aparecida Aparecida, 1080. Qualquer dúvida é só ligar: (24) 2453-3707.ada

Outras dicas de passeio na região

Entre os vários distritos de Valença, um se destaca: Conservatória, conhecida como a “cidade da seresta”. Quem desejar esticar o roteiro, conhecer Conservatória e fazer uma imersão na história do Vale do Café, indico um final de semana no Hotel Fazenda Florença (www.hotelfazendaflorenca.com.br), uma grande opção para quem aprecia momentos de tranquilidade e descanso.

A fazenda que já foi palco de novelas como Paraíso, Sinhá Moça e Dona Beija é uma das mais preservadas fazendas de café da região e hoje funciona como um hotel com bastante conforto e muitas opções de lazer. A centenária sede da fazenda é aberta à visitação guiada e se o hospede tiver sorte, como eu tive, pode encontrar por lá o Sr. Paulo Roberto, proprietário da fazenda e historiador entusiasmado. Com certeza este encontro renderá uma rica aula sobre a história dos barões do Vale do Café.

O acervo encontrado na Florença é muito rico com peças originais de vários períodos da história brasileira. Quem espera encontrar no hotel instalações antigas e desconfortáveis irá se surpreender. A fazenda foi adaptada e as instalações são modernas, elegantes e muito confortáveis. Um mistura perfeita entre um alto padrão de hotelaria e a preservação de um importante sítio histórico.

O restaurante do hotel foi eleito pelo “guia Quatro Rodas” como o melhor restaurante de Conservatória e tive a oportunidade de atestar isso em minha passagem pela fazenda. Para quem deseja se hospedar com a família o hotel oferece opções para todas as idades. As crianças podem, visitar a fazendinha ou participar das atividades programadas pelos atenciosos recreadores. Já os adultos têm a opção de assistir a um fabuloso sarau que nos conduz a uma viagem no tempo e na história. Uma experiência inesquecível.

O Hotel Fazenda Florença está localizado próximo ao centro de Conservatória, porém distante o bastante para garantir o almejado sossego dos visitantes. Chegar a Fazenda Florença é bem simples. Seguindo pela RJ-137 (Rodovia Canção do Amor) na direção de Conservatória você encontrará um pequeno trevo 2 km antes da cidade. Ali você encontra uma grande placa do hotel, basta entrar no acesso e seguir 1700 metros. O endereço é Estrada da Cachoeira, 1560 e qualquer dúvida pode ser esclarecida com a equipe do hotel através do telefones (24) 2438-0124 / (24) 2438-1195 e (24) 8115-8808.

E ai, qual será nosso próximo destino? Ajude-nos a descobrir pontos de interesse para os entusiastas, pesquisadores e admiradores da militaria no Brasil. Entre em contato conosco através do e-mail redacao@revistaoperacional.com.br e envie sua sugestão. Vamos “carimbar” mais cidades como pontos de turismo militar no Brasil.

Fonte | Fotos: Operacional