Há exatos 150 anos, em cinco de maio de 1865, nascia Cândido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon. Patrono da arma de comunicações do Exército Brasileiro, seu legado atualmente está presente no Comando da Aeronáutica por meio dos seus especialistas em comunicação, responsáveis por sistemas indispensáveis para garantir a segurança das operações aéreas, como radares, fibras óticas, antenas retransmissoras e enlaces por satélite.
“A comunicação é primordial para qualquer atividade, seja militar ou civil”, afirma o Capitão Leonardo André Haberfeld Maia, do 1° Grupo de Comunicações e Controle (1° GCC). Subordinado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o leque de missões do GCC inclui a detecção radar para defesa aérea, o controle de tráfego aéreo, a identificação e localização de alvos, além do controle de interceptação e comunicações via satélite. “Hoje dificilmente haverá uma operação do Comando da Aeronáutica ou do Ministério da Defesa em que o GCC não esteja envolvido. São mais de 50 por ano”, explica.
O grupo é dividido em cinco esquadrões, localizados no Rio de Janeiro (RJ), Canoas (RS), Natal (RN), Santa Maria (RS) e o último em fase de transferência de Fortaleza (CE) para Porto Velho (RO). Além do suporte ao tráfego aéreo e às operações militares, o Grupo de Comunicações e Controle também pode atuar em situações de calamidade. Em 2011, por exemplo, durante as enchentes na região serrana do Rio de janeiro, o GCC apoiou a população após as enxurradas que danificaram todos os sistemas de comunicação das cidades.
Formados na Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guaratinguetá (SP), os especialistas em comunicação também trabalham em outras organizações subordinadas ao DECEA, como os Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) e os Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA). Esses militares atuam ainda como tripulantes de aeronaves, como as do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) e de unidades de busca e salvamento, patrulha marítima e de reconhecimento da Força Aérea Brasileira.
Cândido Rondon
Nascido em Mimoso (MT), o Marechal Rondon atuou como indigenista, sertanista, geógrafo, cartógrafo, botânico, etnólogo, antropólogo e ecologista. Entre 1892 e 1915, trabalhou para a implantação de telégrafos que integraram a região oeste e a região amazônica. Entre as homenagens a Cândido Rondon está o nome de um estado: Rondônia.
Esse trabalho teve muita relevância para a integração nacional. Basta lembrar que, na época, para sair do Rio de Janeiro e chegar até aquela região era necessário navegar pelo Atlântico até o Rio da Prata e depois navegar todo o Rio Paraguai. Não existiam estradas nem outra forma de comunicação rápida.
Nos estados pelos quais passou, as áreas exploradas por Cândido Mariano eram habitadas predominantemente por índios das mais variadas etnias, algumas delas ainda hostis. A política do sertanista de não revidar nem usar violência culminou na frase “morrer se preciso for, matar nunca”.
O lema que acompanhou o marechal em toda a sua trajetória é motivo de orgulho para a bisneta Sigorety Rondon Brasil. Apesar de não ter conhecido o familiar ilustre, ela conta que sempre ouviu histórias sobre “o grande amor e o respeito pelo povo indígena” que o bisavô tinha.
Professora, Sigorety Rondon lembra que se encantava com os livros de história, no colégio, que descreviam o legado de Rondon no Exército. “Ele dedicou-se à construção de linhas telegráficas pela vastidão do interior brasileiro. Durante sua vida, abriu caminhos e elaborou as primeiras cartas geográficas. Nosso sobrenome tem um grande significado de amor”, disse.
Para o historiador Delmo de Oliveira Arguelhes, professor-doutor do Programa de Mestrado em Ciência Política do Centro Universitário Euro-Americano de Brasília, o Marechal Rondon foi uma figura relevante na ocupação do território nacional. “No tocante à fronteira oeste do Brasil, ele foi elemento-chave tanto pelo trabalho com as populações indígenas quanto com as comunicações. Foi, portanto, um desbravador da terra incógnita”.
De acordo com professor, o marechal pode, sim, ser considerado herói por seus feitos históricos. “Rondon encarnou um modelo a ser seguido de liderança. A trajetória biográfica dele mostra uma integração territorial positiva à medida que ele buscou o diálogo e não o uso da força. Modelo, portanto, não apenas de liderança no Exército, como também no País”, afirmou.
Projeto Rondon
O Projeto Rondon – uma homenagem ao lendário marechal – é uma iniciativa que estimula a participação de estudantes universitários no processo de desenvolvimento sustentável e fortalecimento da cidadania em municípios isolados e com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Coordenado atualmente pelo Ministério da Defesa, em parceria com Instituições de Ensino Superior públicas e privadas, o projeto foi criado em 1967 e funcionou até 1989. Foi retomado a partir de 2005 e, desde então, já atendeu a cerca de 830 municípios, contando com a participação de quase 14 mil professores e estudantes.
O programa beneficia os municípios selecionados com o envio de docentes e alunos de diferentes áreas do conhecimento, que ministram palestras sobre ecologia, meio ambiente, cidadania, educação, saúde, entre outros temas.
[vsw id=”FN6LUcLq72A” source=”youtube” width=”560″ height=”344″ autoplay=”no”]