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Wednesday, 06 de November de 2024
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Ministério da Defesa celebra os 70 anos da Tomada de Monte Castelo

Diversos
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monte_inter6Por Marina Rocha e Alexandre Gonzaga

O coronel Nestor da Silva, 97, é testemunha viva de um dos maiores feitos das Forças Armadas brasileiras durante a II Guerra Mundial: a Tomada de Monte Castelo, no centro-norte da Itália, há exatos 70 anos. Ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB), participou in loco da batalha do dia 21 de fevereiro de 1945, quando os aliados conquistaram a região antes dominada pelos nazistas alemães.

“Foram três tentativas sem sucesso. Só na quarta é que nós mudamos de estratégia e conseguimos vencer”, explicou o veterano coronel. A épica vitória brasileira que completa sete décadas foi comemorada em solenidade no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília na manhã desta sexta-feira (20).

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Os veteranos brasileiros que lutaram na II Guerra Mundial, os eternos “febianos”, foram os grandes homenageados da solenidade. Além do coronel Nestor, estiveram presentes o tenente-coronel Mário Raphael Vannutelli, 96; os capitães Vasco Duarte Ferreira, 91, e Severino Francisco de Oliveira, 96; e o tenente Vinícius Venus Gomes da Silva, 89. Eles foram saudados efusivamente pelo público que acompanhava a cerimônia. Saiba mais sobre a participação brasileira na II Guerra Mundial

Após ser entoada a Canção do Expedicionário, o comandante do Exército, general Eduardo Dias Villas Bôas, enalteceu a importância dos ex-combatentes. “Feliz do Exército que tem heróis para reverenciar. Feliz de nós que temos os pracinhas para reverenciar, nossos heróis. Em nome da Força Terrestre de ontem, de hoje e de sempre, o nosso muito obrigado.” A solenidade foi encerrada com desfile em homenagem aos veteranos.

Uma vitória estratégica

Para o chefe da Seção de Memória da Escola Superior de Guerra, major Gilberto de Souza Vianna, “a Tomada de Monte Castelo foi a prova da eficácia da FEB nos campos de batalha da Itália na II Guerra Mundial”. O historiador afirmou, também, que o episódio foi estratégico para a sequência da campanha dos aliados e derrota dos nazistas. “Nós, sozinhos, tomamos a região. Foi um marco de valor”, disse.

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Paraquedista da arma de Infantaria, o coronel Nestor orgulha-se de ter, junto com seus amigos, vencido “um dos maiores soldados do mundo que é o alemão”. Outro ex-febiano, o tenente-coronel Vannutelli, da arma de Artilharia, contou que a preparação para ir para o combate mundial foi “corrida, difícil e ligeira”. Mesmo assim, “a Força Expedicionária cumpriu sua missão”, sentenciou o artilheiro.

Memórias do coronel

Quem conversa com o coronel Nestor da Silva não acredita que aos 97 anos, sua memória possa ser tão rica em detalhes. Entre muitas perguntas e admiração dos presentes no evento de hoje, ele citou curiosidades da árdua tarefa realizada em terras estrangeiras.

“Fiquei 52 dias sem tomar banho, porque não tinha nem como”, confidenciou. “O que mais estranhamos foi o clima, eram 20 graus abaixo de zero. Muito frio. Recebemos fardamento dos americanos e usávamos três roupas, uma por cima da outra.” E completou: “Naquela época eu tinha uns 20 e poucos anos. Fazia parte do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, de São João del-Rei (MG). Quando voltei para o Brasil, me casei com uma menina que conheci em São João. Estou com ela até hoje e ela tem 81 anos”.

Sobre a preparação recebida, Nestor detalhou que houve treinamento antes do embarque. Depois, quando chegaram à cidade de Pisa receberam armamento e farda. Após isso, em solo italiano, “foram 15 dias em atividades intensas” até partir para o front. Durante o período que permaneceu na II Guerra, o coronel contabilizou que “mais de 400 soldados brasileiros perderam a vida”.

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Homenagem da Defesa

O Ministério da Defesa (MD), por iniciativa da Chefia de Assuntos Estratégicos (CAE), também comemorou os 70 anos da conquista de Monte Castelo, a primeira vitória da FEB na II Guerra Mundial.

O chefe da CAE, general Menandro Garcia de Freitas, destacou a importância da sociedade recordar os feitos heroicos destes homens e mulheres. “Comemorar a história de um país é parte insubstituível na formação cultural e para que seus cidadãos tenham orgulho daqueles que legaram este território continental que nós temos hoje”, afirmou.

Menandro também lembrou o ceticismo que dominava o país à época: “diziam que era mais fácil uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil participar da guerra na Europa”. Compondo o IV Corpo do Exército dos Estados Unidos, sob o comando do general Willis D. Crittenberger, a FEB tomou o Monte em 21 de fevereiro de 1945, tornando possível a vitória dos aliados.

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No total, 20,4 mil alemães foram capturados pelas tropas brasileiras. O General Menandro fez questão de ressaltar as peculiaridades da Força Expedicionária, principalmente, o tratamento digno aos oponentes. Outra característica da tropa brasileira era o respeito à população local e à dignidade humana. Segundo ele, os pracinhas possuíam a Cartilha do Expedicionário, que norteava o comportamento da tropa.

“Essa atitude é uma marca, até os dias atuais, da cooperação brasileira em missões internacionais de paz”.  Conforme o General Menandro, a participação na Segunda Guerra deixou um legado importante ao país, entre eles, a valorização estratégica da região Nordeste do país, a aplicação de uma doutrina militar nacional, a renovação da mentalidade industrial e a projeção internacional, já que o Brasil foi o único país da América Latina a compor uma força militar contra o nazismo e o fascismo.

Fonte | Fotos: ministeriodadefesa